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domingo, 28 de abril de 2024

Papa Francisco adverte Igreja para risco de se tornar uma ONG

2013-03-14 21:01:00

Francisco, o primeiro Papa latino-americano da História, advertiu esta quinta-feira, em seu primeiro dia de pontificado, para o risco de a Igreja se tornar uma ONG caso se distancie dos preceitos de Jesus.

"Se não nos confessarmos a Jesus Cristo, nos tornaremos uma ONG piedosa, não uma esposa do Senhor", afirmou durante uma missa 'Pro Ecclesia' na Capela Sistina perante os 114 cardeais que o elegeram no conclave da véspera.

"Podemos caminhar o que quisermos, podemos edificar muitas coisas, mas se não nos confessarmos a Jesus Cristo, a coisa não vai", acrescentou, vestindo adornos dourados em seu primeiro dia de pontificado.

Na homilia, baseada na ideia de que os três pilares da Igreja são caminhar, edificar e confessar, Francisco usou um tom didático para se dirigir aos cardeais.

"Quando não edificamos sobre pedra, o que acontece? Ocorre o que acontece com as crianças na praia, quando constroem castelos de areia, tudo vem abaixo", assegurou.

O novo Papa terá nos próximos dias uma agenda muito apertada. Na sexta-feira, ele receberá todo o colégio cardinalício na Sala Clementina e no sábado se apresentará aos jornalistas, como fez seu antecessor, Bento XVI.

No domingo, ele rezará o primeiro Angelus da janela do estúdio pontifício, antes da grande missa de entronização da terça-feira, 19 de março, dia de São José, patrono da Igreja, na qual são aguardados líderes de todo o mundo, entre eles as presidentes do Brasil, Dilma Rousseff, e da Argentina, Cristina Kirchner.

A eleição do até ontem cardeal argentino Jorge Bergoglio, de 76 anos, proclamado Papa para a surpresa de muitos na quarta-feira, após dois dias de conclave, contradisse todos os prognósticos de vaticanistas e especialistas que viam uma disputa entre o italiano Angelo Scola e o brasileiro Odilo Scherer.

Em seu primeiro dia como Papa, Francisco também assegurou que espera contribuir para o "progresso das relações entre judeus e católicos" em carta endereçada ao rabino da comunidade judaica de Roma.

O papado de Francisco começou sob o sinal da humildade, com uma breve oração matutina na basílica romana de Santa Maria Maior, onde dezenas de curiosos o aguardavam para saudá-lo.

Dentro do templo, fez uma oferenda de flores à Virgem em uma pequena capela e ao sair, saudou as crianças de uma escola próxima.

Em seguida, em um novo sinal de humildade, segundo o Vaticano, foi buscar as malas na Casa Internacional do Clero, onde vivia antes de conclave, e pagou a conta antes de partir. "Para dar o exemplo", explicou Lombardi.

Um jesuíta humilde e poliglota O Vaticano revelou alguns detalhes dos momentos que se seguiram ao aparecimento do novo Papa, na noite de quarta-feira, na basílica de São Pedro, perante milhares de fiéis.

Saindo de São Pedro, Francisco não quis usar o carro oficial e preferiu retornar à Casa Santa Marta, sua residência durante o conclave, da mesma forma que chegou, a bordo de um micro-ônibus com o restante dos cardeais.

O Vaticano informou que o novo Papa fala pelo menos cinco idiomas (espanhol, italiano, alemão, inglês, francês, além de um pouco de português) e diminuiu importância ao fato de que quando jovem tenha tido que extirpar parte de um pulmão.

Também confirmou que Francisco ligou esta quinta-feira para seu antecessor, o Papa emérito Bento XVI, que está instalado em Castel Gandolfo, com quem terá que conviver durante o papado.

Lombardi, a face do Vaticano para a imprensa desde a renúncia histórica de Bento XVI, confessou sua emoção ao ver um jesuíta como ele chegar ao trono de Pedro, algo inédito na história da Igreja, assim como a escolha do nome Francisco.

"É algo extraordinário, algo que nenhum de nós teria imaginado. Na nossa espiritualidade, nosso serviço não é a diocese, nem a Igreja universal, mas uma atitude de obediência às missões", explicou.

Autoridades políticas e religiosas de todo o mundo receberam com surpresa e satisfação a escolha do novo Papa, apesar de em sua Argentina natal a imprensa ter questionado seu papel durante a ditadura militar no país (1976-1983).

"É um pastor de doutrina sólida e realismo concreto", ressaltou o vaticanista Sandro Magister, recordando que sempre se manteve " boa distância" da Cúria, o governo da Igreja.

Com esta eleição se encerram quatro agitadas semanas na história moderna da Igreja, depois da renúncia inesperada de Bento XVI, alegando "falta de forças" para continuar com sua missão, um feito sem precedentes nos últimos sete séculos.

 

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